Conhecendo melhor o artista
Ficha Técnica:
Nome artístico: Valéria
Cruz
Estado que reside: SP
Nacionalidade: Nascida no RJ
trago a Bahia no sangue e na alma, mas de
fato, sou do mundo
Sexo: preferencialmente pela
manhã (não podia perder a piada!!!haha)
Idade [se não se importar em
dizer]: claro que me importo, acham que é
fácil carregar 46 anos
assim?
Signo: Capricórnio com ascendente
em leão e lua em câncer
[me aguentem...se puderem...rs]
Atrás da coxia o povo
quer saber:
Quando começou a
pintar/desenhar/escrever/cantar, etc:
Valéria: Adoro
arte de um modo geral. Costuro, bordo, faço crochê, tricô e
todo tipo de artesanato que meus olhos e
meus dedos
alcançaram. Já tentei desenhar e só eu entendi, pintar e
só as
telas me
aturaram. Fiz cerâmica e algumas pessoas gostaram;
progredi e mostrei
o que escrevia e
me assustei com o
número de pessoas que gostaram. Quando comecei?
Não sei
precisar, algo como quando aprendi a escrever,
sempre fui dramática! PS: também
canto em karaokê e no
banheiro, claro!!! rs
O que é arte para
você?
Valéria:
Academicamente construí o meu conceito de arte, como uma
manifestação
- em sua maioria, de caráter estético,
onde o
sensível é materializado num suporte alcançável pelo
sistema
sensorial, em
interface com o cognitivo. Na prática acredito
que arte - seja tudo aquilo que surta os
sentidos, sendo de
forma prazerosa ou até mesmo de repúdio, mas,
proporciona
comunicação
com o expectador de alguma forma.
Considera a arte um dom?
Valéria: Considero a arte
um dom, partindo do princípio que viver seja uma
desafiante obra arte, retocada a cada dia.
Mas, concordo que
algumas pessoas tenham talentos mais
exacerbados, como
algo
implícito no seu DNA.Já vi desenhos, pinturas, esculturas,
escritos e
outras expressões
magníficas, de pessoas que
nunca conheceram a técnica academicamente. Mas acredito
que o conhecimento seja um dos fatores importantes ao
desenvolvimento artístico.
Quem é a pessoa por detrás do
artista? O que gosta de fazer, comer, hobbie, excentricidades, curiosidades:
Valéria: A pessoa
é simples...mas, desconfio, às vezes, que há um
“tantinho” de multiplicidade
na formação
da personalidade.
Basicamente gosto de viver como todo mundo - brincar com
meu
neto, trocar confidências com minhas filhas, escutar
meu Pai, ler, escrever,
namorar, estar com amigos, ouvir
música, dançar, caminhar, dormir,
cozinhar sem
compromisso, ir ao cinema, navegar na
internet...essas
coisas...e também
cuidar dos meus dois gatos: Aarom
e
Godofredo.
Excentricidades? Não sei se tenho, embora seja
bastante sociável e comunicativa,gosto das
minhas “janelas de solidão”, tenho alguns
momentos caverna, que
desligo os
telefones e
durmo ou arrumo gavetas, ou quando estou
agitada ou preciso
tomar alguma decisão,
caminho muito, de preferência na beira da
praia...mas como
hoje não tenho praia
perto, ando, ando ,
ando...rs
Você se considera encaixado em algum
estilo? Se sim, qual? / se não por que?
Valéria: Eu nunca
havia pensando nisso, pois, escrever para mim é como
fazer exercícios físicos – você faz para
garantir a saúde do seu
corpo, ou para melhorá-lo, ou até mesmo
para desestressar.
O fato é: escrevo melhor, ou a escrita
flui mais prazerosa e
visceral, quando o tema sugere
melancolia. Não gosto muito
quando escrevo sobre felicidade, embora
não me considere
uma pessoa infeliz, acho que fica tudo sempre tão
piegas ... rs
Então um dia,
alguém brincando me chamou de ultra-
romântica e relembramos os
tempos de colégio
e
realmente, foi o período em que eu devorava
poesias e chorava e
escrevia com um
colega em
dueto, enfim...gostei de ter sido “inserida” a
uma escola
literária que
muito me agrada,
realmente...mas insisto em pensar que estou
à margem.Não
porque queira ser diferente
de fato, mas
porque, embora aprecie as
prosas,as rimas, os
sonetos, as quadras,
os contos bem escritos- principalmente
no tocante a
gramática e ortografia-,
seja descompromissada com a forma
e também, não
escondo que tenho
uma gramática
sofrível.
Há algum(ns) artista(s) que tenha
como referencia para o que produz?
Valéria: Sim,
vários! Dos contemporâneos aos clássicos, uma lista bem
polpuda, sem contar os
das artes plásticas,
que também são
inenarráveis fontes de “trans...piração”.
Tem uma rotina de trabalho? Se tem:
Qual a hora que melhor produz e por que?
Valéria: Não
tenho rotina, escrevo em qualquer lugar a qualquer hora, às
vezes uma frase que
rabisco na caderneta que
anda na bolsa e
outra na cabeceira da cama em baixo dos óculos. Ah, tenho
uma
curiosidade – a hora do banho é implacável, embaixo do
chuveiro tive as melhores inspirações...algumas consegui
reproduzir, outras...a água levou...rs
Já participou de alguma
exposição/encontro literário/show/divulga, expõe em algum lugar,
etc:
Valéria: Muito
timidamente, participo às vezes, quando lembro de enviar,
da Revista Literária Contando e Poetizando –
revista que
é distribuída gratuitamente pelo Brasil e não circula na mídia
e participei da
antologia poética Literatus.
Se você pudesse ser alguém [algum
artista], aliado com sua personalidade e seu próprio tempo, quem seria?
Valéria: Frida
Kahalo...rs
Na sua trajetória de artista já
encontrou alguém que tivesse feito uma ferrenha critica contrária ao que produz. Se sim, como isso lhe influencia?
Valéria: Sim.
Considero que crítica seja uma opinião expertise, solicitada ou não,
mas um olhar de forma mais apurada
ao que você faz, com
propriedades concedidas pelo conhecimento no assunto.Aprendizado ou
destruição somos nós que escolhemos o que vamos absorver. Repudio a
frase “crítica construtiva”,
por entender que ninguém tenha a capacidade
de me construir ou destruir, a não ser eu mesma.
Recebi
uma bem “forte” em 2010,eu acho,
logo depois que abri o blog
– em um site de poesias. Solicitei a crítica, sobre a
forma como escrevia e
ele foi bastante solícito e até me aliviou um
pouco,dizendo que “eu tinha
uma capacidade inventiva muito boa, mas que o que eu
havia lhe
apresentado não considerava poesia!”. De certa forma, me balançou
bastante [mas não pensei em cortar os pulsos...rs] e reafirmou o meu
descomprometimento com a escrita e o comprometimento comigo. Foi
muito importante para que
me situasse, sem fantasias, com a convicção
de que o caminhante é quem faz o caminho. Só não me
lembro mais onde
está, para que pudesse mostrá-la paraentenderem do que
falo...rs Nessa
ocasião, também recebi de uma grande amiga, a “carta de Mário
Quintana”, sugiro que todos que estão começando a escrever a
leiam,
foi uma força para que não deixasse de divulgar o que escrevo. Hoje
com
muito mais cuidado e como sempre, sem arrogâncias,apenas escrevo
o
que quero e quando quero, se é poesia ou não, só me lembro de um
trecho da música do Alceu Valença – Jacarepaguá Blues:...vá
perguntar ao
Gabeira se você pode fumar...
Participa de algum projeto social que
envolve os seus dons artísticos?
Valéria: Já
participei de um projeto num abrigo de idosos, numa época em
que nem sonhava em
publicarnada. Eu me dava melhor na ala
masculina. Além de
conversar, escutar muitas histórias,
queixas, contar piadas, dançar, cortar unha, fazer barba,
ajudava-os a escrever poesias e recitá-las,
algumas eram
para mim, uma delícia! Infelizmente no momento nada.
Há algo que considere relevante e
queira acrescentar ?
Valéria: Sim.
Como uma pessoa que possui blog e está em alguns sites,
gostaria de deixar aqui
uma espécie de reflexão ou até mesmo
apelo.Todos sabem como
anda a educação do nosso país,
cada vez mais precária, onde o indivíduo é preparado para
assinar seu nome e interpretar sinais de conveniências,
consolidando assim, cada vez mais
uma massa de
manobra amorfa e replicante. Também é do nosso
conhecimento,
que o acesso a internet está cada vez
mais fácil; portanto, nós que
utilizamos essa
ferramenta, tenhamos cuidado com o conteúdo das
nossas publicações, para
que
continuemos a ser
FERRAMENTA e não, ARMA.
Deixe uma mensagem às pessoas que
praticam arte profissional ou amadoramente.
Valéria: "Em todo
curso da história, temos exemplos de pessoas
que até foram consideradas imbecis
e nos deixaram
grandes legados. Reafirmando que viver seja a
mais
importante obra de arte da nossa existência, não furte
o nosso prazer da fruição. E
mesmo que consiga
agradar a muitos, nunca haverá de agradara todos; e
que isso
não lhe seja uma desmotivação, mas sim, um
grande
pacto de lealdade entre você e seus
princípios."
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